Cagaita: fruta do Cerrado é rica em vitamina C e antioxidantes...
Azedinhos, os frutos da cagaiteira, quando comidos em grande quantidade, especialmente se estiverem quentes do sol, têm efeito laxativo.
Suas folhas, no entanto, preparadas em infusão, têm efeito exatamente oposto.
Mas o que mais está chamando a atenção dos pesquisadores são os elevados níveis de vitamina C e a presença de antioxidantes na composição da fruta do Cerrado.
Popular no Centro-Oeste brasileiro e praticamente desconhecida no restante do país, só agora a cagaita (Eugenia dysenterica) começa a ser "redescoberta" pela ciência.
A vitamina C - em níveis superiores aos encontrados em muitas frutas convencionalmente cultivadas - e os antioxidantes abrem a possibilidade de usar a cagaita em bebidas funcionais e isotônicas, além de aproveitá-las em geleias.
"Com o boom das bebidas isotônicas e refrigerantes, o que estamos propondo são novas opções de sabores, com a vantagem de se aproveitar as propriedades antioxidantes e a vitamina C da fruta", afirma Lucia Maria Jaeger de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Ela explica que, nas áreas do Cerrado brasileiro, onde laranjas e outros cítricos do gênero não são tão abundantes, frutas como a cagaita oferecem uma fonte de vitamina C acessível à população.
O aproveitamento da cagaita também terá importantes impactos sociais e ambientais.
Contribuiria, por exemplo, para a fixação no campo dos pequenos agricultores da região região do Cerrado, um dos biomas mais devastados do país, permitindo ainda a ampliação do cultivo dessas árvores nativas, que vêm perdendo espaço para a formação de pastos.
As pesquisadoras Ediane Ribeiro e Patrícia Gomes, por sua vez, lançaram mão de recursos de alta tecnologia para estudar a cagaita a fundo.
Suas análises revelaram que a cagaita contém 90% de água; 0,25% a 0,33% de minerais; 1,85% a 2,03% de proteínas; 0,20% a 0,36% de lipídios; e 7,62% a 8,73% de carboidratos.
A polpa, com ou sem casca, contém bom conteúdo de açúcares e baixo valor calórico.
Sua boa capacidade antioxidante vem da vitamina C e dos carotenoides - substâncias que lhe conferem a coloração amarelada, como a luteína e a zeaxantina.
"Por todas essas propriedades, nossa meta é estudar formas de aproveitar a cagaita em alimentos, sem reduzir sua atividade antioxidante ou seus níveis de vitamina C," resumiu a pesquisadora.
Fonte: Diário da Saúde